quarta-feira, 31 de março de 2010

Especial Chico Buarque - Cotidiano (Parte 3/5)

Dando continuidade a série Especial Chico Buarque, li no site Letras Despidas um reveiw da música e vou copiar na íntegra.

Chico Buarque compôs a canção “Cotidiano” em 1971 e, como na maioria das músicas do compositor, estava num contexto de ditadura militar, o que muito ajuda a compreender as suas letras, pois quase todas têm uma pontinha de crítica, disfarçadas para escapar da censura.

Percebemos que a música lembra muito uma rotina. As estrofes parecem todas encaixadas sobre uma mesma fôrma, inclusive com versos semelhantes, e repete várias vezes, sempre começando do início e continuando na mesma ordem. E, o mais interessante, começa de manhã, depois vai pra hora do café, depois o almoço, a volta do trabalho e a hora de dormir.


“Todo dia ela faz tudo sempre igual / Me sacode às seis horas da manhã” retratam aqueles minutos iniciais do dia. Ela, a mulher, acorda o marido sempre às seis da manhã. “Me sorri um sorriso pontual / E me beija com a boca de hortelã”, a expressão “sorriso pontual” é muito interessante, porque parece que coloca o ato de sorrir, que seria como um cumprimento de “bom dia”, como um ato mecânico, um sorriso sempre dado no mesmo horário. A boca de hortelã parece ser por causa do aroma da pasta de dente, geralmente com sabor de hortelã, menta etc.

Na outra estrofe, “Todo dia ela diz que é pra eu me cuidar / E essas coisas que diz toda mulher”, representam aquele cuidado rotineiro que as mulheres têm, dando os conselhos anteriores ao trabalho. Tanto é que quando ele diz “E essas coisas que diz toda mulher”, dá uma idéia de que são conselhos dados por costume, em todos os lares, todos os dias. Logo após, “Diz que está me esperando pro jantar / E me beija com a boca de café”, representam uma despedida seguida por um beijo com o sabor do café da manhã.

“Todo dia eu só penso em poder parar / Meio dia eu só penso em dizer não” são versos que denotam aquela sensação de cansaço, de fadiga do trabalho. Dá vontade de parar, de dizer ‘não’. Esses dois versos, que poderiam significar uma certa insatisfação com o cotidiano repetitivo, se contrapõem aos próximos: “Depois penso na vida pra levar / E me calo com a boca de feijão”, quando o homem submete-se à rotina e se cala; em meio a um momento de questionamento, segue-se um silêncio, típico da submissão.

“Seis da tarde como era de se esperar / Ela pega e me espera no portão” mostram a falta de novidade. Se no trabalho não há nada que desperte o interesse do homem, tampouco isto ocorre quando ele chega em casa, quando tudo ocorre exatamente da mesma maneira. A expressão “como era de se esperar”, embora esteja mais disfarçada na música, são usadas de modo satírico, ironizando a reiteração de hábitos. Logo após, “Diz que está muito louca pra beijar / E me beija com a boca de paixão” são dois versos também irônicos, porque num contexto preenchido de monotonia, a vontade de beijar com paixão parece um desejo distante, mais idealizado do que real.

Na próxima estrofe: “Toda noite ela diz pra eu não me afastar / Meia noite ela jura eterno amor”, vemos o medo seguido por um sentimento barato. Jurar eterno amor é um sentimento profundo, mas do jeito que é apresentado pela letra, ocorrendo todos os dias de noite, contribui mais para a construção da imagem de insegurança do que de amor mesmo. Além disso, essa idéia é reafirmada em “E me aperta pra eu quase sufocar / E me morde com a boca de pavor”.

Logo após, a música recomeça. A primeira estrofe é também a última, um efeito muito útil quando se quer dar uma idéia de continuidade. No caso, não há início, clímax, desfecho. Parece tudo parte de uma cadeia sem fim que é a rotina. E não uma rotina qualquer. Chico aproveita para denunciar a opressão sobre a população em plena ditadura.

É o retrato de um sentimento nacional, da vida asfixiada, sufocada, do povo sob o regime militar. Não havia encanto nenhum na vida do casal, tudo parecia pré-determinado. O casal era composto por um homem que sustentava a casa e mulher que atendia aos seus anseios, isto é, aquele velho modelo desgastado do cotidiano, sem espaço para rompimentos.

O homem aparece quase que na música inteira como sujeito passivo: “me sacode”, “me sorri”, “me beija”, “me esperando” etc. E quem é o agente da passiva? A mulher? Não, embora seja a mulher que praticasse aquelas ações, estas não eram decididas por ela, pois já estava tudo programado na rotina do casal. Assim, fica sugerido que este “ela”, que faz quase tudo na música, não é bem a mulher, mas a mulher servindo como fantoche do cotidiano opressor, e vivendo à sombra do marido. Os dois, portanto, eram manipulados pelo ciclo diário, não havia poder de decisão.

O mais interessante é notar que o único momento em que o homem é sujeito ativo de uma oração, é quando está no trabalho e reflete sua condição como submisso. Engraçado é que justo neste momento, quando ele dá voz para si mesmo, é que se cala, aceitando a sua própria rejeição dentro da sociedade deprimente. Ele não se cala porque quer, mas porque não tem condições de se opor a essa ordem, superior às suas próprias necessidades. Ele fica calado, como se a única coisa que importasse fosse o prato de feijão à sua frente: a roda viva.

Assista o vídeo da música clicando aqui com Marcelinho da Lua e Seu Jorge

Próximo Post Acorda Amor.
 
Amplexos...

Especial Chico Buarque - Geni e Zepelin (Parte 2/5)

Dando continuidade ao especial Chico Buarque, hoje falarei sobre uma das músicas que mais gosto, "Geni e o Zepelin", mas antes de falar sobre ela, tenho que falar sobre a Ópera do Malandro.

A Ópera do Malandro foi um disco duplo lançado em 1979 baseado na Ópera dos Mendigos (1728), de John Gay, e na Ópera dos Três Vinténs, de Bertolt Brecht e Kurt Weill.
O musical estreou no Rio de Janeiro, em julho de 1978 e foi recriado em São Paulo, em outubro de 1979, ambos sob a direção de Luiz Antônio Martinês Corrêa.
O filme Ópera do Malandro estreou em 1986, sob direção de Ruy Guerra, baseado no musical. A trilha sonora do filme foi lançada também em 1986.

Todas as faixas compostas por Chico Buarque, exceto onde estiver indicado.


Disco 1
Lado A
1."O Malandro" (Bertolt Brecht, Kurt Weill; adaptação de C. Buarque)
2."Hino de Duran"
3."Viver do Amor"
4."Uma Canção Desnaturada"

Lado B
1."Tango do Covil"
2."Doze Anos"
3."O Casamento dos Pequenos Burgueses"
4."Terezinha"
5."Homenagem ao Malandro"

Disco 2
Lado A
1."Folhetim"
2."Ai, Se Eles Me Pegam Agora"
3."O Meu Amor"
4."Se Eu Fosse o Teu Patrão"
5."Geni e o Zepelin"

Lado B
1."Pedaço de Mim"
2."Ópera" †
3."O Malandro Nº2" (Bertolt Brecht, Kurt Weill; adaptação de C. Buarque)

† Adaptação e texto de Chico Buarque sobre trechos de "Carmen" de Bizet; "Rigoletto", "Aida" e "La Traviata" de Verdi; e "Taunhauser" de Wagner.

Quam era Geni?
Dizem que era um homossexual masculino, dizem que é uma prostitua, dizem até é que é uma forma de representar um ato da ditadura.
Ficarei com a prostituta, por ser mais coerente com a letra.

Discriminada em sua cidade, era xingada e humilhada pelos cidadãos mais conservadores. Mas em um dia tudo muda, quando um Zepelim chega a cidade querendo destruir tudo, mas o comandante se encanta por Geni e só poupará a cidade se ela ir pra cama com ele. Nesse momento, a cidade inteira que em outrora humilhava Geni, passou a tratá-la bem pra que ela fosse com o comandante. Ela retrata o preconceito e a hipocrisia da sociedade.

Clique aqui e veja uma animação da música.

Veja um pouco da ópera do malandro

Proximo post Cotidiano.

Amplexos...

sábado, 27 de março de 2010

Especial Chico Buarque - A Banda (Parte 1/5)

Um dos maiores compositores da música brasileira, Chico Buarque de Holanda, presto minhas homenages a este grande brasileiro com um especial de 5 posts falando suas músicas darei início com o clássico A Banda.

[...] letra “A Banda”, Chico Buarque narra a entrada na cidade do conjunto de circo que se apresenta nos próximos dias. [...]


“A Banda” é uma metáfora de alegria na época da repressão. Imagine-se em um tempo que tuda era proibido e a diversão estava nas mãos do governo. Vc “só” se divertia como o governo queria. Perceba que a banda quando entra na cidade é motivo de euforia, de imensa alegria, extase total, onde toda cidade pára para ver a banda passar.

“Mas para meu desencanto
O que era doce acabou
Tudo tomou seu lugar
Depois que a banda passou”

E assim termina os raros momentos de felicidade de um povo calado e sofrido: “E cada qual no seu canto, em cada canto uma dor”. “A Banda” é um grito de apelo, dizendo: “A felicidade pode continuar, basta me seguir, seguir a banda ou vc pode fazer sua banda e sair tocando estrada a fora feito um mambembe cigano tocando o amor e a esperança!

Onde lê-se Banda, leia-se Felicidade
Onde lê-se amor, leia-se esperança
Retirado do site http://analisedeletras.com.br/

Veja Chico Buarque cantando A Banda.
Quer saber mais de Chico Buarque clique aqui.

Próximo post Geni E O Zepelin

Amplexos...

sexta-feira, 26 de março de 2010

O que é mais rápido que a velocidade da luz? Um cometa!

Pois é pessoal, nesta minha primeira postagem trago para vcs algo muito interessante. Ouvindo a música velocidade da luz do grupo Revelação descobri que tudo que aprendi sobre velocidade da luz, que tem aproximadamente 300.000.000 m/s, é pouco perto de um cometa, pois pensem comigo:

Trecho da música:

"Vou me embora agora vou. Embora prá outro planeta. Na velocidade da luz, ou quem sabe de um cometa!"


Utilizando os recurso da lingua portuguesa, podemos substituir as palavras "ou quem sabe" por quiçá na frase acima.

"Vou me embora agora vou. Embora prá outro planeta. Na velocidade da luz,quiçá de um cometa!"

Temos assim uma melhor ideia de que um cometa é mais rápido que a própria luz.
Segundo estudos o cometa Halley tem uma velocidade aproximada a velocidade no afélio de 5,1 km/s e no periélio de 54,8 km/s.

Lógico que temos a "licensa poética", mais tenhamos cuidado ao escrever...

Tenho uma sugestão para o compositor da cansão:

"Vou me embora agora vou prá outro lugar, na velocidade de um Fusca, ou que sabe de um Jaguar"

Até a próxima
Amplexos...